A forma ineficiente como o continente europeu lida com a
água pode ameaçar mais a economia e produtividade da Europa que a crise do
Euro. Segundo um estudo da EEA (European Environment Agency – Agência
Europeia do Ambiente), os recursos aquáticos da Europa estão sob pressão e as
coisas podem ainda ficar piores, à medida que os mantimentos limitados vão
sendo gastos.
“O que é crítico é o facto de estarmos a ver um número cada
vez maior de regiões onde os rios, por causa das alterações climáticas, estão a
ficar sem água”, explicou Jacqueline McGlade, directora executiva da EEA.
Faça o download do estudo (em inglês).
A responsável disse que os países não acham prioritário
implementar a legislação actual de uma forma mais efectiva, nem levar os seus
cidadãos a mudarem a mentalidade em relação a um recurso como a água.
“Os Estados-membros precisam de ser mais claros em relação
às oportunidades que têm para usar melhor este recurso escasso. Os países
precisam de investir em diferentes tipos de métodos. Em vez de proibir as
mangueiras para resolver o problema deste ano, precisam de investir de uma
forma diferente”, explicou McGlade.
O estudo realça a grande diferença existente entre a forma
como os países lidavam com um recurso, até agora, abundante, e traça cenários
sobre o futuro da água na Europa, um futuro que não será cor-de-rosa devido às
consequências das alterações climáticas.
Na União Europeia, a área da agricultura utiliza 25% da água
obtida por meios naturais, um número que sobe até aos 80% no sul do continente
(Portugal incluído). “Temos de procurar formas mais eficientes de utilização da
água, como irrigação gota-a-gota e técnicas avançadas, por causa do custo da
água potável e do seu encaminhamento para o cenário agrícola”, continuou a
responsável.
Para além de consequências sociais e económicas, a
utilização insustentável de água está a causar um impacto negativo nos
ecossistemas.
Nos últimos dias, e sobretudo devido ao vasto período de
seca que está a assolar, sobretudo, a Europa do Sul, vários especialistas e
activistas têm chamado a atenção para a utilização ineficiente de água. Na
segunda-feira, o ex-presidente soviético Mikhael Gorbachov (que é presidente da Cruz Verde Internacional)
explicou que o deficit de água fresca estava a tornar-se um problema “cada vez
mais severo e a uma larga escala”.
“Ao contrário de outros recursos, não há substituto para a
água. Já não é possível continuarmos a consumir água aos níveis do século XX”,
revelou.
Finalmente, o ex-governante revelou que as suas cinco
décadas de experiência enquanto político convenceram-no que a crise global de
água estava relacionada com as mudanças políticas e económicas contemporâneas.
“A economia tem de ser reorientada para objectivos que
incluam bens públicos como o desenvolvimento sustentável, a saúde dos cidadãos,
a educação, cultura e coesão social, incluindo a ausência de níveis entre os
mais ricos e os pobres”, concluiu Gorbachov.
Ontem, sete empresas de água do sul e este inglês
anunciaram proibições
na utilização de mangueiras a partir de Abril, devido ao Inverno seco
e escassas reservas de água.Fonte: Greensavers