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BLC 3 – Plataforma para o Desenvolvimento da Região Interior Centro acaba de conseguir fabricar, em laboratório, o primeiro bio-crude (
na imagem) proveniente da
giesta, que vai agora ser refinado, à escala laboratorial, para obter biocombustíveis substitutos da gasolina e do gasóleo.
Este resultado científico, conseguido através de uma espécie autóctone bastante rica em açucares e com grande capacidade de se multiplicar sem a intervenção directa do Homem, vem abrir uma excelente perspectiva para a obtenção de biocombustíveis de 2ª geração, no âmbito do projecto que a
BLC 3 se encontra a desenvolver – o
BioRefina-Ter – e cuja
pré-candidatura aos fundos comunitários, no valor de 118 milhões de euros, foi recentemente apresentada em Bruxelas.
Note-se que o
BioRefina-Ter, que já foi considerado pelo
Laboratório Nacional de Energia e Geologia como “um projecto prioritário e de grande interesse nacional”, já conseguiu atrair uma rede de conhecimento que engloba 20 entidades de I&D de dois países europeus, facto que permite assegurar a criação de um consórcio de excelência para o desenvolvimento de uma das mais promissoras indústrias do século XXI – a bioenergia.
Numa primeira fase, o projecto, que no ano passado foi financiado pelo Fundo Florestal Permanente em 500 mil euros, abrangerá os concelhos de
Oliveira do Hospital,
Tábua,
Arganil e
Góis, através da construção de uma Biorrefinaria de demonstração com capacidade para produzir cerca de 25 milhões de litros de biocombustíveis de segunda geração com base em vegetação espontânea.
Quando o conceito tecnológico estiver provado e a logística operacionalizada, o
BioRefina-Ter tem a pretensão de alavancar a indústria nacional de bioenergia, replicando o modelo em todo o país, por via de uma biorrefinaria que poderá gerar entre 250 a 300 milhões de litros de bio-combustíveis.
De acordo com os estudos científicos que vêm sendo efectuados, o
BioRefina-Ter revela-se como um projecto altamente estratégico para reduzir a dependência dos derivados do petróleo, estimando-se que possa gerar em Portugal uma poupança anual de 1500 milhões de euros nas importações de petróleo.
Uma das particularidades deste projecto, que procura valorizar no território a vegetação que hoje está destinada a ser devorada pelos incêndios florestais, prende-se com o facto de não entrar em competição nem com as culturas alimentares nem com a floresta, uma vez que tem como principal matéria-prima os matos e incultos existentes em solos esqueléticos e sem capacidade para uso agrícola rentável.